/De olho no mercado

Diretora de Investimentos da Prevcom conta como foi fevereiro

04/03/2021 04:00

Flavia Nazaré é formada em Administração, com mestrado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduação em Economia do Setor Financeiro. Saiba mais aqui.



A diretora de Investimentos da Prevcom, Flavia Nazaré, traça o panorama de como os mercados se comportaram em fevereiro.


Bolsa de valores

Fevereiro não teve brilho nem Carnaval. Com a COVID-19 fazendo aniversário na rotina do brasileiro, nem mesmo o início da vacinação foi suficiente para estimular a alta da bolsa diante de tantos “eventos surpresas”.

O mês começou com rumores de uma possível greve dos caminhoneiros posicionados contra a alta dos combustíveis e acabou com a escalação, por parte do presidente Bolsonaro, de um novo presidente da Petrobras, o que culminou em um forte estresse nos mercados. 

A COVID-19 e a nova cepa brasileira pioraram, trazendo mais mortes, ainda reflexo das festas de fim de ano. O resultado foi a volta do isolamento e vários Estados com lotação máxima das UTIs.

Se não bastasse um ambiente tão hostil, o mercado ainda abriu brechas para temores e fofocas como a demissão de André Brandão do Banco do Brasil e o estremecimento do relacionamento entre Paulo Guedes e Bolsonaro, também afetado após a indicação de novo presidente da Petrobras. 

A bolsa fechou fevereiro com queda -4,37% aos 110.035 pontos, devolvendo os ganhos de dezembro/2020, com uma variação acumulada negativa de -7,55% no ano de 2021.


Juros

Caíram as barreiras tarifárias? Não. As reformas fiscais foram aprovadas? Não. Houve aprovação da nova PEC do auxílio emergencial? Não. Há perspectiva de aceleração da vacinação e com isso um aquecimento do PIB? Não. Há meses que os mesmos itens estão no radar dos investidores que, em fevereiro, continuaram sem respostas. O mercado parece perder força com uma perspectiva mais realista de a trajetória da dívida pública ser inflada não pela PEC em si, mas pela morosidade do governo.

Com tanta incerteza local, novamente a estrutura a termo de taxa de juros negociada na BM&F refletiu alta nos prazos mais longos. Acrescente a este cenário a pressão de alta nos Treasuries (o tesouro norte-americano) ante a perspectiva de inflação nos EUA, o que fez o mercado precificar na BM&F alta de juros já em março, na reunião do COPOM. Será? 

O CDI rendeu +0,13 no mês e acumula +0,28 no ano. Já o prêmio pelos títulos públicos aumentou e refletiu no IMAB5, que caiu -0,60% no mês e -0,49%, no ano.



Câmbio

Pela cotação do Banco Central (Ptax 800), o dólar teve alta +2,41% no mês, cotado a R$ 5,60, acumulando alta de +7,79% no ano. 

O euro, já valorizado, subiu +1,79% cotado a R$ 6,76%, uma alta de +6,54% no ano. 

A alta nos juros dos Treasuries, com possível cenário inflacionário nos EUA, pressionou o real mesmo com grande volume de dólares injetados pelo Banco Central no mercado em fevereiro. As notícias que agitaram o mercado em fevereiro não interferiram apenas na bolsa e nos juros. O risco “sistêmico” atrapalhou o fluxo de investimento estrangeiro que tivemos nos últimos meses. 

Cautela é a palavra de ordem para todos investidores no mercado local e exterior.


Resumo

Para quem diria que o ano só começa após o carnaval, já vivemos dois longos meses em 2021 e a palavra que pode definir este ano e alguns próximos é velocidade. A expressão “tempo é dinheiro” diz muito sobre o mercado investidor, que segue mais cauteloso, ante os riscos sistemáticos que se apresentam, a morosidade no programa de vacinação, indefinida condução da PEC, entre outros eventos que podem acarretar em uma desconfiança do mercado com a capacidade do governo em equilibrar o cenário atual.

No dia que escrevemos esta coluna, foi divulgado pelo IBGE o PIB de 2020: retração de -4,1%, dentro das projeções, mas recorde, foi impulsionada pelo setor de serviços que representa 2/3 do nosso PIB. O comércio e a indústria já voltaram aos patamares normais impulsionados pelo aumento do crédito, do consumo das famílias em função de taxas de juros mais baixas e dos programas de apoio do governo (auxílio emergencial).

Tempo de recessão. Quanto tempo? A velocidade do Brasil em tratar as políticas públicas sanitárias, fiscal e monetária responderá. Que seja logo!

Seguiremos atentos em março aos mesmos fatores de janeiro que, entre outros, agora se acumulam:

_ Comportamento da Inflação IPCA-15, IGP-M e IPC-A;

_ Dilema do preço dos combustíveis e a interferência do governo na Petrobrás;

_ Que interfere diretamente no valor das ações e do IBOVESPA;

_ Calendário de privatizações;

_ Inflação e juros dos Treasuries norte-americanos;

_ A Covid-19, o calendário de vacinação, a evolução de novas cepas e mortes recordes após o feriado bancário de carnaval e reinício de isolamento em vários Estados;

_ O Copom manterá a taxa em março?;

_ Trabalhos no Congresso Nacional. (política fiscal);

_ Dispersão das projeções do mercado para câmbio e juros em 2021 e 2022.

Fundação de Previdência Complementar do Estado de São Paulo

Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 2701 - Jardim Paulista, São Paulo/SP - 01401-000

Atendimento ao participante

(11) 3150-1943/1944 (Grande SP)

0800-761-9999 (demais localidades)

segundas às sextas-feiras, das 10h às 16h

Atendimento ao patrocinador

(11) 3150-1977

segundas às sextas-feiras, das 10h às 16h

Atendimento à imprensa

(11) 3150-1958

segundas às sextas-feiras, das 9h às 18h

Atendimento presencial

Segundas às sextas-feiras, das 10h às 16h, somente na sede da fundação

Foi bom te ver por aqui, esperamos que
tenha tido uma boa experiência.
Para melhorar os nossos serviços, preparamos
algumas perguntas simples e rápidas.

Vamos lá?
;